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Tema: Florestas

 CADERNO CARTOGRÁFICO QUILOMBOLA: valores para uma educação afro-brasileira no ensino fundamental

O Caderno Cartográfico Quilombola é uma produção coletiva que busca dar conteúdos e forma a um material didático-pedagógico original e politizado para a educação escolar quilombola. A cartografia feita assim, de forma interativa, pode revelar e gerar muitas coisas. Quando realizada por meio do automapeamento, contribui para afirmar pertencimentos, identidades e coesões. Nessa cartografia realizada com muitas participações, reunindo os moradores das comunidades e estudantes universitários, muitos dos quais também quilombolas, não apenas os mapas são importantes. Os mapas mostram os cursos d’água, os marcos simbólicos das comunidades, os contornos dos territórios, suas redondezas, conflitos e ameaças, assim como os saberes ancestrais e as territorialidades que se apresentam como valores para uma educação afro-brasileira no ensino fundamental. Tudo isso conta muito para o objetivo que se pretende, mas igualmente relevante é o próprio processo e a identidade quilombola que ele afirma, especialmente entre crianças e adolescentes, o público ao qual o Caderno se destina.


Através da metodologia cartográfica e com o apoio do Fundo Semear, o projeto produziu, em 6 comunidades quilombolas - Moju Miri, Sitio Bosque, Conceição de Mirindeua, África Laranjituba, Jacundaí e São Manoel - mapas detalhados, criando informação e, no processo, pertencimento nestas comunidades. Foram produzidas também cartografias em escala ampliada, mostrando todas as 29 comunidades do município de  Moju, identificando na região conflitos sócio-ambientais desde Belèm, passando por Ananindeua (Abacatal), Acará, Abaetetuba e contemplando comunidades ainda não reconhecidas em Barcarena. Os mapas informam esse contexto conflitivo para as comunidades e a escola quilombola, e abrem a possibilidade de mobilizar causas comuns às várias comunidades, inclusive a defesa dos territórios.  Dendeicultura e mineração, com a consequente poluição dos igarapés, além de linhas de transmissão, são os principais problemas enfrentados.  Produzimos vídeos com conteúdo de denúncia e soluções, sobre Sistema Agroflorestal (SAF), roça sem fogo, horta comunitária, liderança de mulheres e mudanças climáticas. Publicamos também o material didático, Caderno Cartográfico Quilombola: valores para uma educação escolar afro-amazônica (acesse AQUI).


Segundo Rodrigo Peixoto, “o apoio do Fundo Semear em 2023 foi decisivo para a elaboração do Caderno Cartográfico Quilombola porque permitiu custear materiais para a produção dos mapas,  deslocamentos de Belém para os territórios do município de Moju, a alimentação da equipe engajada no projeto e dos comunitários que participaram do trabalho coletivo, além do pagamento de serviços de terceiros, acrescentando recursos a outros apoios  que obtivemos na Universidade Federal do Pará (UFPA). A solicitação de mencionar, no nosso produto, uma reportagem publicada no site do Pulitzer Center contribuiu de uma forma especial, porque a atendemos considerando o vídeo que reporta o conflito gerado pelo mineroduto da Hydro/Paragominas, que atravessa o território de Jambuaçu (Moju, Pará, Amazônia) levando bauxita para o porto de Barcarena,  ao retirar autonomia dos quilombolas no uso do seu território e representar uma constante ameaça de danos ambientais. Procuramos aprofundar esta questão que se relaciona ao Antropoceno entrevistando atores sociais envolvidos e os próprios quilombolas, e isso gerou um conhecimento útil para comunidades e movimento. A possibilidade de ver o material didático amplamente divulgado pelo Pulitzer também nos animou bastante”.


No município de Moju 29 comunidades quilombolas poderão fazer uso do material didático nas escolas. O Caderno tem repercutido também na universidade, entre estudantes e docentes. 

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